Culturalmente ainda vivenciamos e perpetuamos padrões e comportamentos de vários séculos atrás, impostos por questões de gênero. Aos homens são atribuídas as posturas de agressividade e virilidade, para que não seja questionada sua masculinidade, da mesma maneira que também são sempre postos como provedores. Enquanto isso, às mulheres espera-se que sejam delicadas, recatadas e responsáveis pelos cuidados domésticos. Ainda que muitas cumpram sem questionar esses papéis, por outro lado existem muitas outras que não tem opção, mas almejam outras posições para além da figura submissa.
Os cuidados do lar e dos filhos já não são as únicas atividades que as mulheres exercem nas esferas econômicas e sociais. Entretanto, essa herança ainda se faz real na vida de muitas brasileiras, sendo um reflexo da desigualdade de gênero e da discriminação das mulheres dentro do mercado de trabalho.
Por conta da persistente propagação desses padrões nocivos impostos, as mulheres ao longo da história travaram inúmeras lutas para conquistar direitos como o de votar, acesso a postos de trabalho e inclusive o direito a educação.
INCLUSÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO
Ainda partimos muitas vezes do princípio que essa questão é bem resolvida no Brasil, porém não basta estar no mercado de trabalho, mas sim questionar em que condições são ocupados tais lugares. Isso porque ao observarmos as empresas privadas no Brasil, notamos que 37% delas são lideradas por mulheres. Já no setor público, esse número é ainda menor, de 20%. Este cenário é recorrente apesar das mulheres serem 51% da população brasileira (de acordo com o IBGE), e de possuírem maiores níveis de escolaridade em relação a população masculina. Essa questão é mais um marco que evidencia a hierarquização e misoginia que salientam um tipo de dominação entre os gêneros, como se os homens tivessem uma capacidade maior, e a mulher que sempre foi silenciada, acaba por não ter o olhar necessário acerca de seu potencial. A pergunta que fica é: o que torna as mulheres menos capazes que os homens?.
É importante enfatizar que as conquistas e avanços legislativos, tal qual a regulamentação do trabalho das mulheres no Brasil que ocorreu no século XX com a Constituição de 1934, que instituiu direitos como a igualdade salarial, viabilizaram uma maior participação feminina no mercado de trabalho, assegurando a sua contribuição ativa na economia e no desenvolvimento nacional. Contudo, a entrada das mulheres no mercado de trabalho brasileiro não foi acompanhada por uma diminuição das desigualdades profissionais entre homens e mulheres. Representando que a maior parte dos empregos formais femininos estão concentrados em setores e cargos menos valorizados, a remuneração da mulher ainda é inferior se comparada à dos homens, e ainda há discriminação dentro de suas atividades profissionais.
Segundo o IBGE, a remuneração média das mulheres no país é 22% menor que a dos homens.
Para além disso, as mulheres continuamente são vítimas de abusos, assédios morais e sexuais no ambiente de trabalho. Segundo a Agência Patrícia Galvão (2020), aproximadamente 40% das mulheres já foram insultadas ou agredidas verbalmente em ambiente de trabalho, enquanto 13% dos homens afirmam ter passado pela mesma situação. Continuadamente negligencia-se tais situações, e ao silenciar e naturalizar essas práticas, acabamos contribuindo para que essa realidade torne a se repetir e não seja de fato superada. Toda vez a palavra da mulher é relativizada, se endossa o comportamento dos agressores e contribui-se para essa realidade não mude no Brasil.
É importante e crucial buscar a equidade de gênero afim de promover iguais oportunidades na vida e na carreira para todas as pessoas, independentemente do gênero. Ainda temos intervenções tímidas diante de um mundo tão diverso e plural.
Por essa razão, dar flores, chocolate e maquiagens não gera efeitos muito benéficos nesse sentido, não é mesmo?
É fundamental, portanto, que as empresas, como importantes agentes de transformação social, entendam a relevância dessas questões e disponibilizem ações cada vez mais efetivas para promover a equidade de gênero em sua cultura e realidade. Essa conscientização é um exercício da nossa cidadania, onde torna-se um dever exigir que os direitos que possuímos sejam instituídos.
Quando se trabalha para promover um ambiente laboral com equidade de gênero e uma empresa mais inclusiva, conta-se com diversos ganhos em potencial. Para gerar essa mudança positiva em sua organização quais programas e ações de Diversidade & Inclusão que sua empresa tem praticado?