Fonte: Valor econômico
Quando se trata de rapidez nos e-mails, o executivo-chefe do grupo de marketing WPP, Martin Sorrell, é difícil de bater. Envie-lhe um e-mail e provavelmente vai receber a resposta em questão de minutos. Quando seu chefe estabelece um ritmo de trabalho de altíssima velocidade, o que se espera de você é fazer o mesmo. O executivo-chefe do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, rotineiramente diz a seus funcionários que o sucesso deles depende de responder os e-mails no mesmo dia. A velocidade, no entanto, é sempre boa para os negócios? O que você precisa fazer mais lentamente? E como administrar de forma simultânea o que deve ser rápido ou lento?
Na opinião de Sorrell, não temos alternativa a não ser equiparar nosso próprio ritmo de trabalho às demandas de um mundo super-rápido e globalizado nos negócios. “É preciso ser ágil nas respostas, você não deve tentar lutar contra isso ou desacelerar o ritmo.”A ênfase cada vez maior dos investidores nos resultados de curto prazo exigem ações rápidas. “É melhor ter uma decisão inferior à ideal na segunda-feira e tirar vantagem do fato de estar entre os primeiros a se mexer do que levar tempo para refletir e ter uma decisão superior somente na sexta-feira”, diz. Embora goste da pressão de acompanhar o ritmo das comunicações instantâneas, o executivo lamenta sua superficialidade concomitante. “As coisas são feitas instantaneamente, sem que se pense tanto a respeito quanto seria aconselhável.”Tamara Heber-Percy, cofundadora da empresa de viagens de luxo Mr & Mrs Smith, concorda que a aceleração incansável da tecnologia faz com que cada segundo conte. “Se o seu aplicativo não se carrega em quatro segundos, perde-se o cliente”, diz. Para ela, a sensação de que se precisa estar o tempo todo em alerta é exacerbada pelas redes sociais.Estamos, de fato, sob pressão para fazer tudo mais rapidamente, e muitos de nós trabalham duramente para atender cada solicitação o quanto antes, diz Julian Birkinshaw, professor de estratégia e empreendedorismo na London Business School. “O ritmo das mudanças no mundo é cada vez maior, e a sensação que temos é a de que devemos acompanhar isso”. Toda empresa precisa de processos lentos e rápidos; o problema surge quando há muito de um e pouco do outro. “Há duas velocidades diferentes por trás de cada companhia, mas algumas organizações pecam pela rapidez e outras pela lentidão.”
Assim, encontrar a velocidade certa para uma organização em cada determinada fase é uma tarefa difícil. Enquanto as empresas iniciantes correm o risco de parar por falta de combustível ou de perder grandes oportunidades estratégicas por não conseguir pisar no freio, muitas grandes companhias, atoladas em sua burocracia, são demasiado lentas para inovar. “Saber quando administrar de forma lenta ou rápida é desafiador, uma vez que minha inclinação é querer fazer tudo sempre correndo. Algumas coisas, porém, simplesmente levam tempo”, diz Dessislava Bell, fundadora da empresa britânica de roupas esportivas Zaggora.Bell diz que a velocidade de sua empresa é ditada pelos clientes. Se eles esperam por uma resposta ou um produto está se esgotando, as ações precisam ser imediatas. “Outros assuntos, como o planejamento estratégico, são mais demorados e não devem ser resolvidos com pressa.”O controle da velocidade, muitas vezes, pode se traduzir em ações de curto e de longo prazo.